domingo, 24 de janeiro de 2010

PROJETO FILOSOFARTE - CONCLUSÃO DE CURSO E LANÇAMENTO DE LIVRO



PROJETO FILOSOFARTE - CONCLUSÃO DE CURSO E LANÇAMENTO DE LIVRO - Livro que relata a experiência junto aos apenados da Mário Negócio foi lançado ontem; projeto resgata a cidadania Wilson Moreno.

LIVROS E diplomas foram entregues aos alunos

Cidadania através da arte. Durante um ano, os apenados da Penitenciária Agrícola Mário Negócio (PAMN) foram assistidos pelo projeto Filosofarte, desenvolvido por professores e estudantes da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). O resultado desse projeto está reunido no livro Filosofarte - Educando Através da Filosofia e da Arte para a Promoção da Cidadania, lançado ontem.
O livro é uma obra composta por capítulos escritos por professores e alunos monitores do projeto Filosofarte, apresentando as atividades de ensino envolvendo um processo de ressocialização junto à comunidade penitenciária. O livro será distribuído entre os apenados e bibliotecas.
Para a Uern, responsável pela execução, a publicação do livro representa o elo entre o ensino, a pesquisa e a extensão universitária. "Nosso objetivo não era só ensinar a música, mas direcionar a arte como meio de reflexão para os apenados. Para isso trabalhamos em cima de temas. Esse livro demonstra que a Uern pode trabalhar ensino, pesquisa e extensão, já que os monitores são os alunos dos cursos de Filosofia, Comunicação Social e Letras, que ensinam o que aprenderam", disse a professora Vera Porto, coordenadora do programa.
Vera Porto lembra ainda que o curso foi iniciado com 70 apenados do regime semiaberto, número que foi diminuindo devido à rotatividade das penas. "Estamos encerrando o curso hoje entregando diploma para 23 participantes dos cursos de música (violão e flauta) e pintura. O livro é um relato dessa experiência para nós e para os apenados", destacou a coordenadora.
Para que o projeto continue, segundo a professora Vera Porto, é preciso incentivo por parte dos empresários locais, para custear despesas como pagamento dos monitores. "O programa é financiado pelo Mec a partir do edital de 2008, que só garantia a turma de 2009. Nós estamos dispostos a continuar voluntariamente até março, após isso, para continuar temos que ter um patrocínio para pagar os monitores, já que os instrumentos a universidade cede", continuou.
O reitor Milton Marques, que esteve presente na ocasião, ressaltou a missão da universidade de graduar e de oferecer pesquisa e extensão. "Um trabalho como esse é uma ponte entre os apenados e a sociedade, e para os professores e monitores, à medida que se ensina, se aprende. O projeto foi de fundamental importância para todos", destacou.
O major Francisco Alvibar, diretor da PAMN, destacou a experiência como positiva para os apenados, que tiveram inclusive oportunidade de reduzir a pena. "Cada três meses de envolvimento no programa significa um dia de redução de pena. A partir do momento em que foi iniciado, nós vimos a mudança no comportamento deles. Eles eram arredios e com isso puderam se socializar. Todas as sextas-feiras ele ficavam ansiosos para a aula", afirmou
A atividade também possibilitou a melhora da autoestima deles e a ressocialização através da música. "A partir do momento em que eles saiam daqui para se apresentar em outros locais, esses reeducandos passaram a se interessar mais. Isso proporcionou inclusive a redução na evasão, de 20% para 2%, além da agressividade deles, que também foi reduzida a olhos vistos. Esse projeto não pode parar por aqui", afirmou o major Alvibar.
O secretário de Justiça e Cidadania Leonardo Arruda destacou o benefício de projetos como esses para os apenados. "Essa socialização é sempre buscando o futuro, a quebra da aridez do ambiente de presídio e abre as portas para outros projetos, por exemplo, a mão de obra apenada para a construção dos estádios da copa, que é um projeto em avaliação. Aqui em Mossoró para a construção da cadeia pública. O grupo Votorantim está construindo uma fábrica de cimento em Baraúna e 50 apenados estão sendo treinados para trabalhar lá, com garantia de emprego na construção civil", informou o secretário.
Os apenados veem o projeto como uma nova esperança. Josicleber Pereira recebe daqui a 16 dias a sua liberdade condicional e é um dos formandos da primeira turma. "Eu consegui aprender a tocar violão e isso foi um grande incentivo de vida, a prática ajuda até no psicológico, na paciência de estar aqui. Hoje me considero uma pessoa melhor até pela convivência com pessoas boas", disse


(http://www.gazetadooeste.com.br/)

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