terça-feira, 3 de março de 2009

Diretor-geral reafirma inocência ao entregar cargo no Senado


Ao entregar o cargo nesta terça-feira após as acusações de que teria escondido da Justiça a propriedade de uma casa avaliada em cerca de R$ 5 milhões, o diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, reafirmou sua inocência e disse que não quer ser "empecilho" para as investigações na Casa.
Segundo reportagem da Folha, Agaciel usou o irmão, o deputado João Maia (PR-RN), para ocultar o imóvel.

"Ontem mostrei documentos, declarações de imposto de renda e todas as certidões que provam que não há nada contra mim. Mas, por mais que eu mostre que eu não fiz nada de errado, que sou um servidor honesto e probo, existe uma coloração política em cima de tudo isso. Não vou ser motivo de desagregação político-partidária nesta Casa, até porque não tenho importância para isso", afirmou.
Agaciel admitiu que não transferiu o imóvel para o seu nome, mas apresentou sua declaração ao Imposto de Renda que inclui a residência entre os seus bens. Ele afirmou que declarou o imóvel ao Fisco em 1996 porque não poderia "esconder a casa onde mora".
O diretor foi afastado em definitivo do cargo hoje pelo presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). O peemedebista aceitou o pedido do diretor, encaminhado por meio de carta escrita.
Sarney disse que o Senado não pode prejudicar sua imagem em consequência de denúncias que envolvem servidores da Casa. "Lamento que esse episódio tenha levado a isso, mas reconheço que, para a imagem do Senado, nenhum de nós tem o direito de prejudicá-la", afirmou.
O peemedebista disse que o afastamento transitório de Agaciel não solucionaria o problema, por isso decidiu que o diretor-geral deve deixar o cargo em definitivo. "Achamos que o afastamento transitório neste momento manteria o problema latente. Essa é uma solução definitiva. Com isso encerramos esse assunto que, lamentavelmente, prejudicou a imagem do Senado", afirmou.
Sarney vai designar o diretor-geral adjunto do Senado, Alexandre Gazineo, para substituir Agaciel no cargo. O ex-diretor, no entanto, vai permanecer como servidor na Casa Legislativa, onde é efetivo.
Agaciel entrou no Congresso como datilógrafo no final da década de 1970. Galgou alguns postos desde então e tornou-se em 1995 o servidor mais poderoso do Senado. Foi nomeado naquele ano para o cargo de diretor-geral pelo então presidente da Casa, José Sarney, eleito novamente para a função no último dia 2.
Carta
Antes de entregar sua carta de demissão a Sarney, Agaciel disse que não quer ser "empecilho" para as investigações na Casa e, por isso, pediu para deixar o cargo em definitivo. "Quero ir além. Se estão pedindo para eu me afastar, quero me afastar em definitivo. Sou funcionário da Casa, não caí aqui de paraquedas."
Ontem, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) defenderam o afastamento do diretor. Para os senadores, a manutenção do servidor no cargo afeta negativamente a imagem externa do Senado.
"[A manutenção de Agaciel] É altamente negativa para o Senado. Ele está crivado de suspeitas. Sou favorável ao afastamento imediato dele do cargo", disse Jarbas, que recentemente acusou de corrupção "boa parte" de seu partido.
O presidente do Senado recorreu ao TCU (Tribunal de Contas da União) para que o órgão também investigue as acusações envolvendo Agaciel.
A casa tem 960 metros quadrados de área construída, com três andares, cinco suítes e salão de jogos. Localizada num dos pontos mais nobres de Brasília, às margens do lago Paranoá, no Lago Sul, dispõe de uma piscina em forma de taça, um amplo campo de futebol e um pequeno píer para barcos e lanchas --embora o diretor negue que a casa tenha condições de ancorar barcos porque fica numa região repleta de lama do lago.

GABRIELA GUERREIRO

da Folha Online, em Brasília

Nenhum comentário:

Postar um comentário