Os efeitos da crise financeira no Rio Grande do Norte já apontam para desdobramentos políticos. Desde a derrubada dos nove vetos do governo ao Orçamento Geral do Estado 2009 que totalizam R$ 70 milhões, as relações entre o executivo, a Assembléia Legislativa e o Ministério Público ficaram estremecidas. Isto porque os deputados estaduais, à unanimidade, derrubaram dois vetos de interesse do MP sem a anuência da governadora Wilma de Faria (PSB). Nesta quinta-feira, o procurador geral de Justiça, José Augusto Peres, e o presidente da Assembléia Legislativa, deputado estadual Robinson Faria (PMN), não compareceram a uma reunião convocada pela governadora para pedir empenho no sentido de o estado não ultrapassar os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal em função da queda da receita.
O secretário estadual de Planejamento e Finanças, Vagner Araújo, informou que a derrubada dos vetos não é a causa da situação financeira do estado, mas está funcionando como um agravante. ‘‘Porque as emendas aprovadas pelos deputados aumentaram despesas do estado no momento em que estamos sendo obrigados a diminuí-las, independente do mérito ou da importância delas’’, afirmou Vagner Araújo. Os efeitos dos vetos, de acordo com o secretário, serão sentidos porque as emendas aumentaram as despesas do governo.
Os deputados estaduais, por sua vez, minimizam o efeito dos vetos no orçamento, justificando que estaria sendo forçada uma divergência em cima de um fato que não teria repercussões mais graves. Com a questão administrativa, desenhou-se nos bastidores políticos uma crise entre a governadora Wilma de Faria e o grupo liderado pelo presidente da Assembléia Legislativa, que teria como pano de fundo as eleições de 2010. Em meio às cobranças de ambas as partes, auxiliares da governadora estariam emitindo sinais claros de preferência pelo vice-governador Iberê Ferreira de Souza (PSB) que assumirá o comando do estado, a partir de abril de 2009, quando Wilma deverá se afastar do cargo para disputar uma vaga no Senado.
A tensão aumentou com uma entrevista da governadora à imprensa de Mossoró, nesta quarta-feira, quando Wilma de Faria declarou ‘‘ninguém pode ser irresponsável num momento como este’’, o que foi interpretado pelos deputados como um recado para a Assembléia Legislativa.
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